Dois dedos sobre a Pré-História - Parte 2

Pois bem, como já disse na postagem "Dois dedos sobre a Pré-História - Parte 1", a pré-história é um período muito longo, o período mais longo da história da humanidade. Para se estudar um período tão longo, é necessário dividi-lo e redividi-lo.

É sério. Tanto é que nós aprendemos na escola que a Pré-História tem três períodos: o Paleolítico, o Neolítico e a Idade dos Metais. Raramente se ouve dizer, na escola, que o Paleolítico é dividido em Inferior, Médio e Superior. Ou ainda que existe o Mesolítico. Mais dificil seria ouvir que o Neolítico também pode ser dividido em Inferior e o Superior.

Bom, isso acontece porque a escola não está formando arqueólogos, nem antropólogos nem paleontólogos. Ela só nos dá uma noção de como era a vida antes do desenvolvimento de todo o aparato tecnológico que usamos em nosso dia a dia, da invenção das instituições políticas e jurisdicionais que se tornaram tão naturais para nós que não conseguimos imaginar a nossa existência sem todas essas coisas.

A propósito, nesta postagem seguirei o esquema escolar de estudo da pré-história. Ou pelo menos tentarei.😁


Paleolítico: o primeiro período da Pré – História 

Primeiro e também o maior, com duração de milhões de anos. Seu outro nome, Idade da Pedra Lascada, faz referência à base tecnológica dessa época - a pedra moldada com a técnica de fazer nela lascas -  utilizada pela maioria das espécies humanas que surgiram e desapareceram durante todo o processo de evolução humana.

No início, os hominídeos utilizavam como instrumentos objetos na forma em que eram encontrados na natureza. A sobrevivência dependia do trabalho de equipe, principalmente em atividades como a caça. Cada nova espécie tinha características físicas e intelectuais que permitiam melhor eficiência para caçar e se defender dos grandes animais, além de aperfeiçoar armas e ferramentas.



Os grupos humanos eram nômades, isto é, não tinham residência fixa, mudavam-se de lugar em busca de outros onde houvesse maior facilidade de conseguir alimentos; habitavam em cavernas ou em cabanas feitas de ossos, galhos, pedras e peles de animais.

Por volta de 50.000 a.C. o Homo Sapiens Sapiens já dominava todo globo terrestre. Seus instrumentos tinham melhor acabamento que os das demais espécies e continuaram melhorando. Além disso, eram bem mais diversificadas e sofisticadas: anzol, arpão, lança-dardos, arco e flecha, agulha (de osso), roupas (de pele), cozinhavam (foram encontrados fogões)... Além disso, os indícios mostram que os grupos humanos se mudavam em determinadas épocas para abrigos já conhecidos.

A vida grupal também já tinha se organizado de uma maneira mais complexa. Isso pode ser notado através de ossos carbonizados, que parecem ser restos de reuniões (como rituais ou festas); ou através de objetos de arte, cuja técnica demonstra treinamento e dedicação dos artistas. O mesmo vale para a qualidade das armas. Para muitos isso seria evidência de divisão e especialização do trabalho, embora só haja consenso quanto a existência dessa divisão e especialização a partir do neolítico superior.

Uma das coisas que ajudou a compreender a mentalidade e os costumes dos homens primitivos, são as pinturas rupestres (pinturas nas paredes das cavernas). Para alguns, o objetivo das pinturas era artístico mesmo, para outros o objetivo era ensinar técnicas de caça aos mais jovens. Mas como a maior parte das pinturas se encontra em lugares de difícil acesso, sendo necessário iluminação de tochas ou lanternas para serem vistas, a maioria dos antropólogos e historiadores acreditam que o propósito dessas pinturas seja mágico. Muitas pinturas mostram animais de grande porte sendo caçados.



Outros objetos como esculturas e vários outros artefatos, foram encontrados em sepultura também seriam utilizados na magia, ou em outros rituais relacionados a crenças em um mundo sobrenatural.


A transição entre o Paleolítico e o Neolítico é chamada de Mesolítico (entre 12.000 a.C. e 7.000 a.C.) e durante esse período é que surgem os dólmens e os menires.

Exemplos de Dólmens:




Exemplos de Menires:




Pré – História – Neolítico

Também chamado de Idade da Pedra Polida; recebeu esse nome pelo fato dos instrumentos e ferramentas passarem a serem feitas pelo método de polimento por atrito, que garantia uma estética mais agradável e diminuía os acidentes e ferimentos ocorridos durante o fabrico de tais ferramentas e armas.

As transformações não pararam por aí, mas foram tão profundas, que juntas foram chamadas de Revolução Neolítica.

O ser humano, quer dizer, os grupos humanos começaram a dominar a natureza. Talvez, essa não seja a melhor maneira de dizer... Pela primeira vez, o ser humano não dependia diretamente da natureza, pois agora já podia contar com os produtos da agricultura, como cereais, e com o leite e a carne dos animais que passavam a criar. Agora já não precisavam mudar constantemente de lugar, podiam fixar sua residência. O homem ainda caçava, pescava e colhia raízes e frutos da natureza, mas não era isso que lhe garantia sobrevivência.

Com a fixação do homem à terra, a população começou a crescer, dando origem às primeiras aldeias. A população continuou crescendo, e as aldeias se tornaram cidades. A autoridade que antes era distribuída entre os chefes familiares, passou a pertencer ao chefe do clã principal, que impunha se aos demais chefes. Assim começou a surgir as diferenças sociais, que continuavam após a morte, que pode ser constatado observando os túmulos. Enquanto alguns eram enterrados com objetos de valor, outros não recebiam nenhum tratamento especial.

Os chefes controlavam as atividades econômicas, desempenhavam funções religiosas, organizavam obras para o benefício da comunidade. Em troca dessa liderança e proteção, exigiam tributos. Nascia o Estado.


A Idade dos metais

Ao fim do Neolítico, a pedra foi aos poucos sendo substituída pelos metais na fabricação de ferramentas e armas. Iniciava-se a Idade dos Metais.

O cobre foi o primeiro metal, depois do ouro, o estanho e o bronze (mistura de estanho e cobre) e por fim, o ferro. O aperfeiçoamento das técnicas de metalurgia permitiu o aperfeiçoamento das armas, usadas para garantir a posse das terras férteis.

Mas o uso dos metais não é a única mudança que vemos. Nas cidades, pessoas se dedicavam exclusivamente a um tipode trabalho. Podemos chamar isso de profissionalização ou de especialização do trabalho. 

Isso só foi possível pelo aumento da produção agrícola, geralmente, nessa época, resultado da ampliação dos campos cultivados. Isso foi tornado possível com o desenvolvimento de canais de irrigação, que levavam ás águas dos rios para mais distante deles. A construção de represas também ajudou.

Para que essas obras pudessem ser executadas, era necessário um grande número de pessoas. Acredita-se que a mesma dinâmica que foi registrada por sociedades da Mesopotâmia e do Egito após a invenção da escrita já existia na Idade de Metais. Isto quer dizer que nas obras trabalhariam pessoas pagas com cereais, ou com pão e cerveja, e pessoas que pagavam os sesu tributos com o seu trabalho. Afinal, apenas a existência do Estado poderia mobilizar e organizar tantas pessoas em torno de projetos tão grandes. 

A produção excedente de alimentos e a especialização do trabalho também teria permitido o aparecimento do comércio. Mas, como o dinhero ainda não existia na idade dos metais, o comércio era feito a partir das trocas. 

Há vestígios de cidades da Idade dos Metais protegidas por muros de pedras. Essas cidades eram cidades-Estado, isto é, cidades com Estado, com governo soberano, governadas por reis. Como na Antiguidade, período histórico que se seguiu à Pré-história, houve registros da existência de Estados Teocráticos - em que os reis também eram deuses, ou eram os sumo sacerdotes dos deuses - acredita-se que os Estados pré-históricos tenham tido essa característica. Essas cidades possuíam seus próprios exércitos também.

O fim da Pré – História

Entre 4.000 e 3.500 a.C. a escrita surgiu na Mesopotâmia (cuneiforme) e no Egito (hieróglifos). Surgiram para auxiliar a administração públicas e transações comerciais.

Os antigos códigos escritos baseavam-se em desenhos (pictogramas), sendo chamados, no geral, de escrita pictórica. Mais tarde os fenícios simplificaram, associando sons a desenhos, surgindo a escrita fonética. Enquanto na escrita pictográfica cada desenho significava uma idéia, fazendo com que os escribas tivessem que aprender inúmeros pictogramas, os fenícios só precisavam aprender 22 símbolos e organizá-los de modo a formar as palavras.

A palavra escrita, possibilitou a realização dos registros, das mais diversas naturezas. E com ela, termina a História Ágrafa, ou Pré – História, como você preferir.

Linha do tempo:


Referências:

BURNS, Edward Mcnall, Robert E. Lerner, Standish Meacham. História da Civilização Ocidental: Do homem das cavernas às naves espaciais. Tradução Donaldson M. Garschagen. 29ª ed. Vol. 1 e 2. São Paulo: globo, 1989.



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Linhas do tempo: Higor Claudino

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