1. Revolução de Avis e a expansão marítima:
Em 1383 morreu o Rei Fernando, sem deixar herdeiros diretos, surgindo uma disputa entre a nobreza, que apoiava o rei de Castela, genro do Fernando; e os comerciantes, a gente do povo (arraia miúda) e a pequena nobreza, que resolveram apoiar D. João Mestre de Avis, irmão bastardo do rei. Este venceu as batalhas, sendo as principais Atoleiros e Aljubarrota. Em 1385 D. João foi coroado rei dando início à dinastia de Avis.
Esta dinastia estabeleceu um Estado nacional forte e absolutista, que desenvolveu uma política favorável ao dinamismo mercantil, a qual consistiu na expansão além mar, cujas razões, pelas quais se costuma explicar o pioneirismo português nas navegações, podemos arrolar:
· Busca pelas especiarias nas Índias, cujo comércio encontrava-se sob o monopólio das cidades italianas Gênova e Veneza, além disso, após 1453, os turcos otomanos
· Busca por escravos, visto que a carência de mão-de-obra era grave em toda a Europa (causada pela Peste Negra);
· Insuficiência de metal circulante (jazidas de metais Preciosos europeias já esgotadas, evasão monetária para o Oriente, desde a decadência do Império Romano);
· Insuficiência lusa de produtos agrícolas;
· A posição geográfica do reino, na confluência de dois mares;
· A tradição pesqueira;
· A Escola de Sagres (na verdade a cidade funcionava como um ponto de encontro para que navegadores, pilotos, astrônomos, matemáticos cartógrafos, comerciantes, especialistas na construção de embarcações e de instrumentos de navegação pudessem trocar informações e desenvolver as artes náuticas e as tecnologias de navegação), promovida pelo filho de D. João I, o Infante D. Henrique, o Navegador;
· Desejo de expandir a fé cristã;
· E principalmente a existência de um Estado forte e centralizado, capaz de garantir financiamentos, de articular os interesses de dois setores distintos e opostos da sociedade: burguesia (lucros mercantis) e nobreza (terras).
2. Mudanças na Europa
A partir do séc. XI teve início o renascimento das cidades europeias e do comércio. O desenvolvimento comercial e urbano provocou mudanças sociais (surgimento da burguesia) e políticas (consolidação de Estados Nacionais).
Graças ao desenvolvimento comercial os contatos com as civilizações africanas e asiáticas situadas às margens do Mar Mediterrâneo se tornaram mais constantes, de modo que íam, a tais portos, os navios genoveses e os venezianos buscar especiarias orientais para revender a altíssimos preços na Europa.
Além disso, a concepção religiosa também mudou. Se antes os dogmas católicos travavam o desenvolvimento das atividades mercantis, tal não se dará após o rompimento de Lutero e Calvino com a Igreja Católica, este último adaptando a sua doutrina aos interesses das elites comerciais.
Acentuando o declínio da supremacia papal, o monarca Henrique VIII criou a Igreja Anglicana; tendo rompido com a Igreja Romana, centralizou o poder político inglês nas mãos da monarquia e confiscou as terras da Igreja no Território Inglês.
3. Expansão ultramarina portuguesa
A transformação mais importante foi a transferência do eixo econômico europeu do Mar Mediterrâneo para o Oceano Atlântico.
Anteriormente o chamado Mar Tenebroso, que o imaginário europeu recheava de perigos, seres sobrenaturais e fantásticos, era pouquíssimo conhecido, sendo necessário para a difícil empreitada de a navegação desenvolver embarcações mais eficientes: Os Batinéis (pequenos barcos de dois mastros e velas quadrangulares) foram abandonados assim que perceberam que a viagem ao Sul do Cabo Bojador precisaria de barcos mais resistentes, maiores e mais velozes; à caravela, de três mastros e velas triangulares (velame latino), seguiu-se a nau, mais robusta e de velame redondo, a partir da viagem de Bartolomeu Dias.
3.1. O Périplo AfricanoA primeira conquista portuguesa fora da Europa, empreendida pelo Rei D. João I, foi Ceuta, em 1415, uma importante praça comercial no norte da África, para onde afluíam grande número de especiarias das Índias; porém tal conquista foi frustrada pois os mouros mudaram as suas rotas comerciais, excluindo Ceuta do circuito. A partir daí :
· 1419: início da ocupação da Ilha Madeira, descoberta por João Gonçalves Zarco e Tristão Vasco Teixeiras, os quais haviam descoberto, no ano anterior, a ilha de Porto Santo;
· 1427: do arquipélago de Açores, onde foi primeiramente testado o sistema de Capitanias hereditárias;
· 1434: Gil Eanes passa pelo Cabo Bojador;
· 1443: descoberta da Ilha de Arguim, na qual se iniciou o sistema de feitorias.
· 1460: descoberta das Ilhas Cabo Verde. Serra Leoa no Continente, é alcançada, sendo encontrado ouro, cuja exploração foi cedida em 1469, a Guiné foi atingida em 1471.
· 1488: Bartolomeu dias dobra o Cabo das Tormentas, que passa a chamar-se Cabo da Boa Esperança
· 1498: Vasco da Gama chega a Calicute , na costa oeste da Índia.
· 1500: Cabral chega ao Brasil.
4. Expansão ultramarina espanhola
Até o ano de 1492 os espanhóis não puderam dedicar-se ao negócio das especiarias, pelo fato de que seus recursos, tanto humanos quanto financeiros estavam empregados na Guerra de Reconquista. Neste ano , os mouros foram expulsos de seu último reduto na Espanha – Granada. Além disso, a unificação do território se deu com o casamento dos reis católicos Fernando de Leão e Isabel de Castela, os quais resolveram investir também na atividade redistribuidora das especiarias orientais, assim como o seu vizinho Portugal.
Ao contrário dos portugueses, que utilizaram o ciclo oriental de navegações, os espanhóis optaram pelo ciclo ocidental, ou seja, desejavam chegar a “el levante por el poniente”, ou seja, chegar até as Índias navegando em direção ao Oeste. A primeira expedição espanhola, chefiada pelo navegador genovês Cristóvão Colombo, partiu da Espanha no mês de agosto, chegando, em outubro do mesmo ano à ilha de Guanaani – São Salvador – nas Bahamas acreditando ter chegado às Índias, tendo porém chegado a um continente até então desconhecido dos europeus. Tal engano foi desfeito em 1504, por Américo Vespúcio. Somente em a expedição de Fernão de Magalhães e Sebastião, que durou de 1519 a 1522 é que alcançou tal objetivo; entretanto a viagem revelou um roteiro excessivamente longo e economicamente não compensador.
5. Tratados Marítimos
· 1480 – Tratado de Toledo: traçava uma linha imaginária ao sul das ilhas Canárias, cabendo estes territórios a Portugal e os territórios ao norte de tais ilhas, à Espanha.
· 1493 – Bula Intercoetera: que estabelecia um meridiano, do Ártico ao Antártico, a 100 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, pertencendo as terras a oeste deste meridiano à Espanha, e os domínios a leste a Portugal.
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O mapa acima mostra as linhas do Tratado de Toledo e da Bula Intercoetera. Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/5hmhqRGJGBU1q-pDKryXZCcQzz6qEx1Ml5VNJmxacM6xxtpQ-AXQVLJs-C7y-dlaF_yujQ=s88 |
· 1494 – Tratado de Tordesilhas: que estabelecia um meridiano, do Ártico ao Antártico, a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, pertencendo as terras a oeste deste meridiano à Espanha, e os domínios a leste a Portugal.
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Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/AtOIzslgpnbPvM2Z8-1W6AgPCqnD-qBj89xybyXCsLUu_ii73byAy9pq6RqebHjIbXE4zw=s92 |
6. Descobrimento do Brasil e reconhecimento do litoral
Depois do retorno de Vasco da Gama a Portugal, o rei D. Manoel, o Venturoso, organizou uma esquadra com os objetivos declarados de garantir a supremacia portuguesa na Índia, bem como difundir ali a religião cristã.
Tal esquadra era a maior organizada até então: treze navios, tripulação de aproximadamente 1200 homens, comandada por Pedro Álvares Cabral, fidalgo, que representante do rei de Portugal.
Em 22 de abril de 1500, tendo a frota se afastado para oeste da rota estabelecida por Vasco da Gama, avistou-se terra, ancorando no Porto Seguro, que fica na Bahia. No dia 1 de maio realizou-se a primeira missa, na qual oficializou-se a posse da nova terra em nome do rei de Portugal. Cabral prosseguiu para a Índia e Gaspar de Lemos retornou ao reino com a notícia do “achamento” do Brasil.
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Fonte: https://lh3.googleusercontent.com/7CP2bn0pMZCOQcbDaSOAtCBV8GEBUmXr56C98Tfe_yS9aKycI4-4qixnXkBT8BqLk8xNxq8=s160 |
Em 1501 Gaspar de Lemos explorou o litoral, a partir do atual Rio Grande do Norte em direção ao Sul dando nomes aos acidentes geográficos de acordo com o santo do dia e confirmando a existência de pau-brasil por toda a costa. Em 1503 Gonçalo Coelho e Américo Vespúcio continuaram a exploração do litoral. Vespúcio fundou uma feitoria em Cabo Frio e enviou uma expedição ao interior, em busca de riquezas, todavia não obteve sucesso.
· Produto: Pau-brasil
· Feitorias: Postos de armazenamento de madeira, carregamento e abastecimento dos navios.
· Escambo: Relações econômicas na base de troca. Os índios cortavam e carregavam as árvores e em troca recebiam objetos como espelhos, facas, canivetes, machados, tecidos etc.
· Estanco: Monopólio estatal sobre a exploração do pau- brasil. O governo português fazia concessões a particulares que deveriam pagar os direitos reais e fazer a defesa do território contra o ataque de estrangeiros.
· Expedições Guarda-Costas: Como fosse intensa a atividade estrangeira no Brasil (contrabando), principalmente francesa, Portugal enviou ao Brasil duas expedições militares; uma em 1516 e outra em 1526, ambas comandadas por Cristóvão Jaques, para assim assegurar o domínio sobre o Brasil.
· Interesse Português: Nesse período a atenção de Portugal estava direcionada para o comércio das especiarias no Oriente, cada vez menos rentável, tanto devido à concorrência de outras nações europeias e ataques de corsários, quanto à própria resistência dos indianos em realizarem comércio com os portugueses, já que em 1500 Cabral bombardeara Calicute.
Para entender melhor melhor esta fase:
Quando o Brasil foi descoberto, em 22 de abril de 1500, os portugueses não se fixaram na terra, porque achavam que fosse improdutiva. Mas quando começaram a ter contato com os povos já existentes na terra, começaram a explorar o pau-brasil na Mata Atlântica.
Essa árvore tinha um grande valor no mercado europeu, pois sua seiva produzia tinta avermelhada, que era usada para tingir tecidos. Para explorar a Mata Atlântica, os portugueses utilizaram escambo, ou seja, davam espelhos, chocalhos, apitos, em troca de uma árvore tão valiosas e do carregamento das toras de madeiras para as caravelas.
Durante trinta anos, o Brasil foi atacado pelos holandeses, ingleses e franceses que tinham ficado fora do Tratado de Tordesilhas, que dividiu a terra descoberta entre Portugal e Espanha. Piratas saqueavam e contrabandeavam as toras de madeira, causando pavor à Coroa Portuguesa, que enviou uma expedição, que ficou com nome de Guarda-Costas, porém obteram poucos resultados.
Foram criadas feitorias na região litorânea, que eram mais ou menos armazéns e postos de troca com os indígenas.
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